domingo, 27 de abril de 2014



SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA: DIFERENÇAS, NECESSIDADES BÁSICAS E ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM



               Surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indica uma diferença, uma condição única e o impacto da perda é multiplicativo e não aditivo (LAGATI. 1995, p. 306).

 Conforme Mclnnes (1999), as pessoas surdocegas estão divididas em quatro categorias: indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos; indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos; indivíduos que se tornaram sudocegos e indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente e não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir um compreensão de mundo. Portanto, essas categorias podem ser agrupadas em surdocegos congênitos ou surdocegos adquiridos.

A pessoa surdocega apresenta comprometimento em seu sistema de comunicação, o que retarda o desenvolvimento da linguagem, mas isso não se configura, necessariamente, baixo potencial, mas sim, que lhe faltam recursos de comunicação adequados para que esta estabeleça maior interação com o seu meio. Outro aspecto característico dessa deficiência é que a pessoa demonstra dificuldades em antecipar acontecimentos futuros. Portanto, faz-se necessário que seu ambiente seja o mais planejado possível, uma vez que este lhe trará mais segurança, possibilita maior interação com pessoas e objetos e ajuda a realizar antecipações, obter pistas, além de outras possibilidades de atividades.

Com relação à aprendizagem das pessoas com surdocegueira, Mc Innes(1999), afirma que estas demonstram dificuldades em observar, compreender e imitar o comportamento dos membros da família e de outras pessoas de seu contato. Por isso, algumas estratégias de intervenção como a experiência tátil (mão sobre mão/ mão sob mão); incentivo do uso dos resíduos visuais e auditivos e dos outros sentidos remanescentes, além da necessidade de uma pessoa para mediar as informações, fazendo com que o processo de comunicação, de aprendizagem, dentre outros se efetivem. 

Em se tratando de Deficiência Múltipla (DMU), conforme (MEC/SEESP, 2002), são consideradas pessoas com Deficiência Múltipla aquelas que “têm mais de uma deficiência associada. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associação diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social.

O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física sensorial, intelectual, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas.” (MEC. 2006) “Considera-se uma criança com deficiência múltipla sensorial aquela que apresenta deficiência visual ou auditiva, associada a outras condições de comportamentos e comprometimentos, sejam elas na área física, intelectual ou emocional, e dificuldade de aprendizagem.” (MEC/SEESP/2006).

Quase sempre, os canais de visão e audição não são os únicos afetados, mas também outros sistemas, como os sistemas tátil (toque), vestibular (equilíbrio), proprioceptivo (posição corporal), olfativo (aromas e odres) ou gustativo (sabor). “Comprometimentos em uma dessas áreas podem ter um efeitos singular no funcionamento, aprendizagem e desenvolvimento da criança (Perreault, 2002).”


            Educar, na perspectiva da inclusão, impõe o enfrentamento de muitos desafios pelos sistemas de ensino e pelos profissionais atuantes de como responderem satisfatoriamente às necessidades apresentadas pelos seus alunos. Em se tratando de deficiências como surdocegueira e deficiência múltipla, pelas suas características e necessidades tão particulares, este desafio se torna maior ainda quanto à busca de situações e estratégias pedagógicas capazes de contemplar suas reais necessidades.